A Lenda de GAIA e o REI RAMIRO dedicada com um carinho especial aos meus Netos e ao amigo ATP ( António Tavares Pereira ). O Manuel Chaminé conhece, é de lá , não do Candal, mas de Coimbrões, ao lado, vizinho, "mas da mesma freguesia", a matriz ( Santa Marinha ).
A lenda será a transcrição de um suplemento - Vila Nova de Gaia 295 - editado por um dos jornais diários cuja data não registei.
"«« Do lado do Porto, exactamente de Miragaia, olhando para o alto da margem esquerda do Douro(rio), avista-se um morro, onde há pouco tempo se acharam uns restos de muros. Aí ficava o chamado Castelo, que foi de Abencadão, rei mouro. Porém, foi o nome do leonês Rei Ramiro a ser dado a uma rua daquelas imediações, bem como à torre de uma quinta. Uma lenda o explicará.
Pois vivia em Salvaterra do Minho, hoje terra raiana galega, defronte de Monção, esse Rei Ramiro, sua esposa Gaia e D. Ordonho, filho de ambos. Abencadão, atraído pela conhecida beleza de Gaia, foi desse castelo raptá-la, aproveitando a ausência do marido e depois levou-a para o seu castelo na margem esquerda do Douro (rio).
Triste ficou Ramiro ao saber a nova. Juntou os seus cavaleiros, meteu-se num barco e rumou à Afurada, onde desembarcou. sabendo a força dos mouros, Ramiro teceu um plano. Disfarçado de romeiro, escondendo nas suas roupas a espada e a buzina, dirigiu-se ao Castelo mouro. Deixara indicação aos seus companheiros de armas que deveriam atacar o castelo quando escutassem a buzina.
Numa fonte, Ramiro encontrou Ortiga, uma das aias de Gaia. Sabendo que ela levava a água para a mulher, sem que a moura se apercebesse, deitou-lhe na vasilha metade do anel que em tempos repartira com a rainha. E quando Ortiga lavava as mãos de Gaia, esta viu a jóia. Quis saber com quem a aia tinha estado, mas a rapariga negou, até confessar que estivera apenas com um mendigo que lhe pedira água. A rainha mandou procurá-lo e encontraram-no. Interrogado, Ramiro deu-se a conhecer. "( a rainha)" Mandou-o meter-se num aposento e chamou Abencadão.
-Se vos aparecesse D. Ramiro, que lhe farias?
-Matava-o, tal como ele me faria - respondeu o rei mouro.
Gaia mandou buscar o marido, que foi interrogado por Abencadão.
- A que vieste?
-Buscar a minha mulher, que me roubaste traiçoeiramente. Estavamos em tréguas e eu confiava em ti.
-Ora! - riu-se o mouro - Vieste para morrer. Mas, diz-me , se me tivesses apanhado em Salvaterra (do Minho), que morte me darias?
-Dava-te um bom almoço, abria as portas do castelo e chamava as pessoas para virem ver o meu prisioneiro morrer. Depois fazia-te subir a uma torre e punha-te lá a tocar buzina até rebentares.
- Pois é essa a morte que te vou dar! - decretou o mouro.
E quando Ramiro acabou de almoçar, foram abertas as portas do castelo. No alto da torre, o rei leonês começou a tocar buzina com toda a força dos seus pulmões. Ouvindo o som, D. Ordonho(seu filho) e seus guerreiros, que já haviam penetrado no castelo, atacaram os mouros. Até o Rei Ramiro matou Abencadão à espadeirada. O castelo foi arrasado.
Regressando os leoneses aos seus barcos, Gaia chorou pelo amante mouro, por quem se apaixonara. Então, Ramiro e o Filho(Ordonho) ataram-lhe uma pedra ao pescoço e atiraram-na às águas do Douro(rio) »»".
E aqui está uma narrativa da origem de Vila Nova de Gaia, da rua do Rei Ramiro, do lugar do Castelo e, especialmente, do lugar de "Gaia" ( este situado na escarpa do rio, entre os antigos estaleiros( Cruz ) e a Arroseira - bem definido e assinalado com umas " alminhas " existentes junto ao rio e que dão acesso ao interior do povoado com ruas e " «bielas» " estreitas, ingremes e que, entre outras, desembocam nas Regadas e por sua vez no "«CANDAL»".
No emblema de Vila Nova de Gaia, que inicia este escrito, verificam que no topo está representado o Rei Ramiro com a buzina no Castelo.
Este trabalho só terminará com a revisita aos escombros do dito " Castelo". Estou a encetar todos os esforços e contactos para que tal aconteça.